Em 2014 eu me casei e, durante dois anos e meio, sustentei os sonhos do meu casamento. Ainda que minhas expectativas fossem todas em sentido diverso, nós nos divorciamos. Sim, divorciamos. E não é só uma palavra de peso não: é um status de peso.

Vislumbrei, quase que numa epifania, como a nossa visão está distorcida sobre esse tema e me dei conta do meu propósito: disseminar esse tema como profissional capacitada e como MULHER que também carrega sua história.

É um momento de lidar com as questões a nossa volta, mas principalmente com as questões dentro de nós mesmas. O meu di-vór-cio, com todas as suas letras e fonemas, foi também um convite (nada sutil) para que eu entrasse em contato com aquele novo ser humano que olhava para mim no espelho: Eu. Mais precisamente a “nova e sozinha eu”.

A partir desse olhar para o próprio reflexo, a “nova e sozinha eu” vislumbrou que a aquela outra “antiga e acompanhada eu”, que sorria vez ou outra em fotos, vivia um relacionamento abusivo; precisava de mais amor; e talvez de algo a mais no trabalho. Comecei pelo último.
A vida tem dessas coisas. Um pequeno toque no leme, um vento que sopra diferente e lá se vai a nossa embarcação para um rumo completamente diferente. Eu, que já trabalhava com gestantes e como instrutora de pilates, fui em busca de uma especialização. Encontrei a fisioterapia pélvica. Já no primeiro módulo (e nada acontece à toa) o tópico discutido foi de sexualidade feminina. Pronto. Eu já tinha encontrado meu algo a mais.
Isso porque quando a gente fala sobre sexualidade feminina, falamos de muitos tabus, moralidade, sonhos, vontades, corpo e cabeça. Vislumbrei, quase que numa epifania, como a nossa visão está distorcida sobre esse tema e me dei conta do meu propósito: disseminar esse tema como profissional capacitada e como MULHER que também carrega sua história.
Aliás, o mais bonito desse processo foi justamente perceber o quanto a minha própria história me auxilia nessa nova empreitada todos os dias. As dores do meu relacionamento e do divórcio trouxeram a empatia, o esclarecimento e a vontade de ouvir e solidarizar. Hoje eu já não sou mais a “nova”, mas sim a reunião da minha história; hoje eu finalmente sou Aline Vieira da Rocha.
Trouxe para vocês o meu relato particular, para inaugurar o nosso espaço de compartilhamento de histórias. Caso você se identifique e queira compartilhar, escreva também! Nesse espaço, principalmente, o dividir se transforma em multiplicar. Sua identidade será preservada (se assim o desejar).

Escrito por Aline Vieira da Rocha

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