Quando o assunto é ligado a sexualidade, nossa fala (quando existe) nunca é pura e simples. Há, inevitavelmente, um sentimento por trás, um receio pela exposição de um assunto tão mistificado e, porque não, lotado de muito preconceito de nós mesmos.

Antes, a virgindade, principalmente para o casamento, recebia uma veneração de maneira ampla e irrestrita.

Em parte, pode-se dizer que esse afastamento de uma fala natural com do sexo possui explicação quando nos atentamos para o decorrer histórico-evolutivo da sociedade. Desde a mais remota idade, a sexualidade humana é cercada de mitos, crenças e tabus; o seu tratamento, sua aceitação e concepção variam, portanto, conforme uma série de variáveis como o contexto social, religião, etc.

Assim, todo esse arcabouço histórico está enraizado no nosso subconsciente, bem como no meio em que estamos inseridos. Nossa criação, nossa geração, nossos pais e amigos alimentam algumas verdades dentro de nós, quem nem sempre são nossas. Vamos citar, somente a título de exemplo – na tentativa de ilustrar esse movimento -, um dos pontos mais importantes da vida de uma mulher: a virgindade.
Antes, a virgindade, principalmente para o casamento, recebia uma veneração de maneira ampla e irrestrita. A mulher obrigatoriamente precisava casar-se virgem para ser considerada respeitável. Aos poucos, com a mudança gradual do pensamento da sociedade, com os espaços que a mulher foi conquistando, esse pensamento passou a ser descontruído.
No entanto, por mais que se tenha conquistado um respeito em relação àquelas que  romperam com essa linha de pensamento, é raro não encontrar essa insegurança, esse medo gigantesco quando no momento da primeira relação sexual. O medo do preconceito após a tomada dessa decisão (e não apenas nesse exemplo, é claro) é o que nos paralisa.
Isso, em parte, ocorre pela falta de informação amorosa e aberta sobre o tema. Mais do que ter acesso à conteúdos puramente mecânicos como camisinha, doenças e gravidez, o acolhimento e entendimento sobre a sexualidade, de forma geral, tem vital importância para uma tomada de decisão livre, responsável e consciente.
Fato é que, em qualquer circustância da vida, quando temos acesso à informações onde, mais do que julgamentos, recebemos e nos proporcionamos troca de experiências e acolhimento, nossas decisões passam por uma reflexão; reforçam nossas certezas e nos tornam mais seguras de quem realmente somos.
E não é demais lembrar que esse acolhimento não tem barreiras de idade, de fase da vida ou qualquer outro limitante. Aplica-se a qualquer tomada de decisão relacionada a sexualidade (ou não). Como falado no primeiro texto (se não leu, clica aqui!), o prazer sexual está intimamente ligado ao nosso bem estar como pessoas, ao nosso amor próprio, a nossa consciência sobre nós mesmos, a aceitação e conhecimento de quem somos e das nossas origens.
Nosso objetivo principal com esse compartilhamento de informações é que, a partir dos nossos papos e exposições, nossas escolhas passem a ser realmente nossas, passem a ser conscientes e reflexivas. Por óbvio que isso não significa um rompimento com o então seguido por nós; bem longe disso, aliás. O respeito ao nosso “eu do passado” e às nossas escolhas fazem parte desse processo do ser “simplesmente nós mesmos” (Leia: Sobre a flor que também é Rocha). É, inclusive, um exercício de gratidão; afinal, foram essas escolhas, foram os nossos caminhos até então percorridos, que nos trouxeram à pessoa que somos HOJE.
O que se propõe, é que através da amplitude de conhecimento, nós possamos ter uma consciência crítica e responsável sobre nossas escolhas. Se optamos por um caminho, que saibamos o quê, como, quando e porquê dessa opção. Que esse caminho seja pleno, com amor e reflexão de escolha, tornando-a prazerosa. Que saibamos identificar, trazendo atenção para dentro, para nossas raízes e nossas flores, o que nos torna nós mesmos e o que queremos a partir disso; se queremos mudar o nosso rumo ou seguir da forma que está. Essa escolha só será efetivamente verdadeira, genuinamento livre, se soubermos o que nos conduziu até ela.
Sim, é uma conversa densa. Aos poucos, vamos nos aprofundado sobre esse tema e refletindo sobre a importância e as consequências que uma informação acolhedora traz à nossa vida. No nosso próximo papo,  passamos a adentrar no entendimento do ato sexual: suas fases e ligações. Daí então, começaremos a sentir como essa consciência vinda da informação, abordada no texto de hoje, repercute de forma direta no ato sexual em si.
Até lá!
Texto escrito e revisado por Aline Vieira da Rocha e Joana Verani.

Escrito por Aline Vieira da Rocha e Joana Verani

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