A dor na relação não é um sinal que você é um problema. A dor na relação sexual é um sinal de que a sua SAÚDE PÉLVICA está temporariamente com uma disfunção.

Presente na vida de homens e mulheres, a dispareunia (nome técnico para dor na relação sexual) pode acontecer antes, durante ou após o ato sexual e não pode ser ignorada, muito menos naturalizada em nenhuma dessas situações.

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Entretanto, homens e mulheres ainda possuem dificuldades em conversar ou procurar ajuda profissional quando o tema é sexo, chegando a ocultar todo e qualquer incomodo associado a cama.

Por isso se você está se identificando com esses sintomas e contexto procure ajuda profissional: psicoterapeuta, fisioterapeuta pélvica e ginecologista/urologista.

CAUSAS

As causas mais comuns de dor na relação sexual em mulheres são:

  1. Vaginismo

O vaginismo é uma disfunção sexual dolorosa causada pela contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico (MAP).

Existem casos leves e moderados, onde a mulher consegue tolerar a penetração, porém em casos mais graves a dor pode ser impeditiva de qualquer tipo de penetração.

     E por isso, as reações podem variar de um leve incomodo ao desmaio. Preste atenção aos sinais do seu corpo, se você está se sentindo alerta, sem vontade ou com repulsa de sexo: não ignore os sinais e procure ajuda profissional.

A endometriose é uma disfunção inflamatória crônica causada pelo crescimento desordenado de células do endométrio (mucosa que reveste o interior do útero) fora do útero, em outros órgãos pélvicos como trompas, ovário, intestino e bexiga, por exemplo.

Os principais sintomas são cólicas menstruais intensas, sangramento em excesso, dor na relação sexual e/ou dor pélvica crônica.

A menopausa e/ou tratamentos oncológicos geram um afinamento da mucosa vaginal, estreitamento do canal vaginal e uma queda intensa na lubrificação vaginal. Nestes casos, o sexo pode provocar fissuras, sangramentos, ardência e dor na relação sexual.

Infecções sexualmente transmissíveis como a tricomoníase, gonorreia, clamídia ou herpes genital podem ser causas de dor e sangramento durante o ato sexual.

Além de causar dor na relação sexual, as infecções levam ao aparecimento de coceira, sensação de queimação vulvar, presença de corrimentos (corrimento é um sinal de infecção, secreção é o sinal de saúde vaginal), feridas ou manchas vaginais ou vulvares. Sem tratamento adequado, podem causar doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica e/ou dificuldades para engravidar.

É uma disfunção intestinal que causa dor abdominal, flatulência (gases), alterações na frequência ou na consistência das fezes (diarreia ou constipação) e presença de muco nas fezes.

A obstrução das fezes e a distensão abdominal podem contribuir para a prática sexual dolorosa.

Esta síndrome não tem cura, mas o quadro pode ser estabilizado através de acompanhamento nutricional, psicoterapia e fisioterapia pélvica.

Os miomas são nódulos uterinos benignos (não cancerígenos) que surgem através do crescimento composto por fibras musculares, podendo variar de tamanho e aparecer em qualquer parte do útero.

Os principais sintomas são: menstruação irregular e/ou prolongada, fluxo menstrual intenso, dor pélvica e durante a relação sexual, cólicas intensas, distensão abdominal (inchaço na barriga), aumento da micção, constipação intestinal e/ou dificuldade para engravidar.

 A doença inflamatória pélvica é uma condição causada por agentes infecciosos ou processo inflamatório não tratado e tem como principais sintomas: dor na relação sexual, dor lombar, dor pélvica (no quadril), febre, dor ao urinar e/ou a presença de corrimento vaginal.

É comum a mulher sentir dor na relação sexual no puerpério imediato em virtude do tipo de parto, presença de episiotomia, lacerações vaginais, dor na relação sexual prévia, endometriose, distúrbios de imagem corporal, estresse e/ou relacionamento abusivo. Além disso, a queda hormonal na amamentação associado ao cansaço, má alimentação e alta demanda de entrega ao bebê  também contribuem para o ressecamento vaginal ( queda da lubrificação vaginal) e por consequência a são a penetração dolorosa.

É necessário entender a demanda desta fase e as necessidades individuais e conjugais do momento, por isso, o diálogo e rede de apoio são fundamentais nesta fase.

Caso o sintoma persistir procure ajuda profissional de uma fisioterapeuta pélvica e/ou uma psicoterapeuta.

É uma inflamação na vulva e na vagina que tem como principais causas: infecções por fungos ou bactérias, alergia (látex por ex.), alterações na mucosa ( menopausa ou gestação) e principais sintomas: vermelhidão, inchaço, coceira e/ou dor na relação sexual.

A inflamação pode se estender a um condição crônica potencializando os sintomas.

NÃO EXCLUA AS CAUSAS EMOCIONAIS

Sexo ainda é tabu para as mulheres, seja por repressão familiar, religiosa ou por gênero, o que limita a busca por informação e ajuda profissional.

A religiosidade é a maior causa de disfunções sexuais femininas no Brasil seguida da violência sexual na infância, adolescência e no matrimônio.

Existem mulheres que sentem dor na relação sexual desde a primeira informação e justamente por não terem acesso a informação, acham normal na relação sexual. Suportar a dor em silêncio e sem suporte profissional só piora o quadro de dor e a relação traumática com o sexo. 

Porém, se engana quem acha que é necessário um grande trauma para ter dor na relação sexual. A dor pode aparecer na presença de insegurança ou medo em relação ao seu corpo e ao contato íntimo. Essas sensações geram tensão no corpo, incluindo nos músculos do assoalho pélvico que associado a diminuição de lubrificação provoca dor e desconforto sexual.

Nestes casos é importante ter um suporte profissional adequado, podendo ser psicoterapeutas, sexólogos e/ou psiquiatras.

O quadro crônico de dor pode diminuir a qualidade do sono, gerar uma sensação de cansaço frequente, indisponibilidade nos relacionamentos afetivos e dificuldade em receber prazer dentro e fora da cama.

Lembre-se: sentir dor na relação sexual não é normal.

TRATAMENTO

O tratamento para dispareunia é multidisciplinar, ou seja, envolve psicoterapeuta, fisioterapeuta pélvica, ginecologista, nutricionista, entre outros profissionais.

Escrito por Aline Vieira da Rocha – Fisioterapeuta Pélvica CREFITO 10063-F

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